O DIA EM QUE MORRERAM LAMPIÃO E MARIA BONITA: O FIM SANGRENTO DO REI DO CANGAÇO

Lampião e Maria Bonita com seus seguidores – Domínio Público

Serra de Angicos (SE/AL) – 28 de julho de 1938
O sertão nordestino testemunhou, há exatos 87 anos, o desfecho de uma das histórias mais marcantes da crônica policial brasileira: a morte de Virgulino Ferreira da Silva, o temido Lampião, e sua companheira Maria Bonita, primeira mulher a integrar um bando de cangaceiros. O episódio marcou o fim oficial do cangaço como força armada no sertão.
A operação foi conduzida com precisão pelo então comandante João Bezerra, da volante alagoana, em uma emboscada montada na Serra de Angicos, divisa entre Sergipe e Alagoas. Após meses de perseguição e informações colhidas por espiões infiltrados, as volantes chegaram ao acampamento de Lampião na calada da madrugada.
Em poucos minutos, o tiroteio foi intenso e fatal. Lampião, Maria Bonita e mais nove integrantes do bando foram mortos no local. As imagens chocaram o país: os corpos decapitados foram expostos em praça pública como símbolo do fim do reinado do cangaço. As cabeças, levadas para estudo e exposição, permaneceram por décadas no Instituto Nina Rodrigues, em Salvador.
Virgulino era símbolo de medo e resistência. Para uns, um bandido sanguinário. Para outros, um justiceiro do sertão, que enfrentava o poder dos coronéis e a miséria imposta ao povo nordestino. Maria Bonita, por sua vez, rompeu barreiras ao se tornar a “Rainha do Cangaço”, vivendo e lutando ao lado dos homens em um mundo até então exclusivamente masculino.
O massacre de Angicos pôs fim ao principal foco armado do cangaço, mas o mito permaneceu. Até hoje, Lampião e Maria Bonita são lembrados em cordéis, músicas, filmes e narrativas populares, como símbolos de uma época marcada por sangue, luta, romance e resistência.
Robertão Chapa Quente, o jornalista que não foge da notícia, resgata os detalhes dessa operação histórica que marcou para sempre a crônica policial do Brasil profundo.