O destino dos inconformados

Acredito, que como bem escreveu Fréderic Bastiat (1801-1850) em sua obra intitulada como “A Lei”, todos nós recebemos gratuitamente de certa maneira natural, de Deus, o direito de defender sua pessoa, propriedade e liberdade. Segundo o escritor e político francês, estes são os três elementos construtivos ou conservadores da Vida, elementos que entre si completam-se e não podem ser compreendidos um sem o outro. Afinal o que são as nossas escolhas, senão o prolongamento de nossa personalidade e o que é a propriedade se não um prolongamento de nossas escolhas? Indagava Bastiat.
Todo Governo deveria ser pautado em proteger o direito de um indivíduo à igualdade de oportunidade, por meio da promoção do acesso à educação e saúde para todos; à garantia dos direitos individuais e coletivos, por meio da justiça e segurança e à infraestrutura básica para a promoção do desenvolvimento econômico e social sustentável, promovendo diretrizes básicas para o livre mercado nos serviços de transporte, energia, saneamento básico, comércio entre outros. Tudo funcionaria razoavelmente bem em uma sociedade que garantisse essas faculdades, afinal sobre estas condições provavelmente tambem todos entenderiam seus deveres e responsabilidades, talvez as pessoas não culpariam umas as outras pelas suas escolhas conscientes ou inconscientes, assim como não culpamos vento, no dia em que está frio, ou sol no dia em que está calor, afinal compreendemos a ordem natural das coisas e as que competem a nós resolvermos. Sendo assim, conheceríamos o Governo apenas pelo inestimável benefício de assegurar as nossas faculdades naturais descritas nesse texto.
O problema é quando a Lei é pervertida, passa-se a viver em uma sociedade insegura, as pessoas se perdem naquilo que é seu direito e naquilo que é o seu dever, entrando em campo o jogo de vaidades, legaliza-se então o ato de tirar de alguém aquilo que lhe pertence e dar a outra pessoa o que não lhe pertence usando para tal o aparato legal do Governo, transformando em algo coerente com a lei um ato que seria considerado um crime se fosse cometido por um cidadão qualquer.
Assim vejo a política brasileira, mas como Jaguariúna é o Brasil que nós podemos mudar, preocupo-me em falar das terras herdadas dos barões do café, portanto não vejo com bons olhos essa política do revanchismo, vejo várias discussões entre grupos políticos dominantes na cidade e o que me preocupa, é que em suas pautas para melhorar a cidade nunca há o plano de devolver o poder para o cidadão e acabar com os privilégios dessas oligarquias políticas, que quando assumem o poder fazem espoliações da lei para beneficiar-se a si próprios, especialmente em acordos políticos, distribuição de cargos e contratos na prefeitura. Geralmente eles dizem: “agora é a vez do nosso grupo, da nossa família, dos nossos amigos, eles vão pagar pelo que fizeram a nós”. Interessante é que nunca é a vez do povo, dos pagadores de impostos da cidade bonita por natureza, aliás não existe isso de dinheiro público, existe o dinheiro que sai dos bolsos de cada cidadão.
É um desafio, mas ouse apresentar algumas dúvidas quanto à moralidade dos métodos de escolhas desses grupos políticos, vão dizer: “Você é inovador demais, Você teórico demais, Você fala bonito demais, Você quer ser certo demais” entre outros. O fato é que, não é porque é legal, que é moral e justo. Essa gente detesta conversar ou responder questionamentos sobre isto, porque suas escolhas não são pautadas em bons princípios e valores, em várias ocasioões a finalidade de suas boas obras aos mais pobres, que fazem questão de expor em suas redes sociais para buscar aprovação de que estão fazendo bem, tem um único objetivo, não permitir que os mais carentes percebam a suas práticas para perverter a lei e a moralidade, desta maneira o oprimido não se libertará desta politicagem barata, aliás enquanto for relativizada a função do governo e da lei, haverão conflitos e falta de harmonia na sociedade.
Alguns se acomodam, outros se incomodam. A boa notícia é que os inconformados podem quebrar esse ciclo de governos feitos para favorecer apenas alguns. Muito prazer, se você chegou até o fim deste texto, acredito que somos inconformados e queremos protagonizar um novo tempo na história desta cidade. Sim, nós podemos! Uma Jaguariúna admirável é possível.