CRÔNICAS DO ROBERTÃO .Por que dizem que homem não pode chorar?


Por séculos, ensinaram aos homens que eles não deveriam chorar. “Engole o choro, rapaz!” era a frase que muitos ouviam ainda crianças, como se as lágrimas fossem inimigas da masculinidade. Crescer com essa ideia é como carregar uma mochila cheia de pedras invisíveis: o peso está lá, mas ninguém enxerga. Cada lágrima reprimida é uma história guardada, uma dor sufocada, um sentimento que ficou sem espaço para se expressar.
Chorar, dizem, é fraqueza. E fraqueza, dizem, não é coisa de homem. Mas quem foi que decidiu isso? Quem escreveu essa regra que transforma sentimentos em algo proibido? Talvez tenha sido um mundo que confunde força com insensibilidade, que acredita que lágrimas são fissuras na armadura de quem deve parecer invencível. Essa ideia atravessou gerações, moldando meninos que cresceram achando que ser forte era sinônimo de ser frio.
O problema é que segurar o choro não apaga a dor, só a esconde. Por dentro, o coração vai criando rachaduras, acumulando mágoas e silêncios. E chega um momento em que as lágrimas que não caíram transbordam de outras formas: no estresse que corrói, na raiva que explode, na solidão que adoece. O peso do que não é dito acaba cobrando um preço alto.
Mas a verdade é que o choro não é fraqueza, é coragem. É o corpo dizendo que precisa de alívio, que não é feito de ferro. É um lembrete de que somos humanos, vulneráveis, e que tudo bem ser assim. Chorar é tão humano quanto rir, amar e errar. E se é assim, por que só alguns têm permissão para isso? Por que homens devem carregar o peso do mundo sem ao menos derramar uma lágrima?
Homens choram. Sempre choraram. Mas muitos o fazem escondidos, no escuro, onde ninguém pode julgá-los. Não deveria ser assim. Lágrimas não escolhem gênero; elas vêm para lavar a alma, para dar voz ao que a garganta não consegue dizer. Cada lágrima caída é um pedaço da dor que vai embora, um peso que se desprende, uma chance de recomeço.
Talvez, algum dia, o mundo entenda que a força de um homem não está em esconder suas lágrimas, mas em ter a coragem de deixá-las cair. Porque permitir-se sentir é um ato de bravura, um gesto de resistência em um mundo que insiste em dizer o contrário.
E como bem diria o jornalista Roberto Torrecilhas, o Robertão Chapa Quente: “Homem que chora é homem que sente. E sentir é o que nos faz realmente vivos.” Afinal, o que nos define como seres humanos é a capacidade de nos emocionar, de amar e de nos reconectar com a nossa essência, sem medo do julgamento alheio.
Roberto Torrecilhas , o Robertão Chapa Quente