Que jogo de guerra é esse? Explodem, matam e depois selam a paz: quem ganha com as mortes?

O mundo assistiu mais uma vez a um espetáculo macabro que já virou rotina nas disputas internacionais: bombas são lançadas, mísseis cruzam os céus, civis e soldados morrem, estruturas são destruídas, e, no fim, líderes aparecem como heróis ao anunciar um cessar-fogo. Mas a pergunta que ecoa é: quem ganhou com as mortes? Quem responde pelos estragos?
Nesta segunda-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que Israel e Irã chegaram a um acordo de cessar-fogo total. O pacto entrará em vigor nas próximas horas, com o Irã cessando suas ações por volta da 1h da manhã de terça-feira (24), horário de Brasília, seguido por Israel, doze horas depois. Com isso, a guerra que já causou inúmeras perdas seria considerada oficialmente encerrada em 24 horas.
Mas será que isso basta?
Será que é aceitável iniciar um conflito, destruir cidades, acabar com vidas e, simplesmente, no dia seguinte, apertar as mãos e declarar “é hora da paz”? Quem assume a responsabilidade pelas famílias despedaçadas, pelos corpos sem sepultura, pelos lares arrasados? Quem repara o trauma coletivo de uma guerra que, segundo Trump, “poderia durar anos, mas não vai”?
O que chama ainda mais atenção é a frieza com que tudo foi conduzido. O cessar-fogo surge logo após os Estados Unidos bombardearam instalações nucleares iranianas. O Irã respondeu com ataques a bases americanas no Catar, que Trump, com desdém, classificou como uma “retaliação muito fraca”. Mataram, explodiram, jogaram o mundo à beira de uma guerra maior e, depois de medir forças, decidiram que o jogo já estava bom.
Esse ciclo de destruição e “reconciliação” não pode continuar sendo tratado como estratégia política ou jogo de poder. As guerras deixam cicatrizes profundas e permanentes. O mundo precisa parar de normalizar o fato de que, para alguns, as vidas humanas são simples números em estatísticas de conflitos.
A paz deveria ser o primeiro passo, não o último recurso.
Jornalista Robertão Chapa Quente, o jornalista policial número um do Circuito das Águas Paulista — do Jornal Digital Regional, Jornal Circuito Paulista, Jornal Digital do Brasil, TV Digital e RMC TV.