Por que muitos brasileiros não acreditam na Suprema Corte do país?


Por . Robertão Chapa Quente . Grupo JDB de Comunicação.
A relação dos brasileiros com a Suprema Corte, o Supremo Tribunal Federal (STF), tem sido marcada por crescente desconfiança e polarização. Nos últimos anos, decisões polêmicas e a crescente politização do judiciário têm alimentado um debate acirrado sobre a credibilidade da Corte, levando muitos cidadãos a questionarem sua imparcialidade e legitimidade.
Um dos fatores que mais contribui para essa desconfiança é a percepção de que o STF tem se envolvido cada vez mais em questões políticas, ultrapassando, para alguns, o papel de guardião da Constituição para se tornar um ator influente no jogo político. Em um país em que a polarização política está em alta, muitos brasileiros vêem as decisões do STF como uma extensão de disputas ideológicas, o que pode enfraquecer sua imagem de neutralidade e imparcialidade.
Além disso, o STF tem se visto no centro de polêmicas relacionadas a investigações e processos envolvendo figuras públicas, muitas vezes em contextos de grande repercussão, como processos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o atual presidente Jair Bolsonaro e outros políticos de peso. Esse cenário tem gerado uma sensação de que o tribunal não está apenas interpretando a lei, mas decidindo com base em pressões políticas, o que leva à dúvida sobre a justiça efetiva de suas decisões.
Outro fator que contribui para a desconfiança é a falta de compreensão do funcionamento da própria Corte. O STF é visto por muitos como uma instituição distante da realidade do cidadão comum, composta por ministros que, em boa parte dos casos, são nomeados por presidentes da República. Isso gera uma sensação de que suas decisões podem ser influenciadas por acordos políticos, distantes das necessidades e das expectativas da população.
A cobertura da mídia também desempenha um papel crucial nessa percepção. A forma como o STF é retratado, especialmente em momentos de decisões controversas, pode reforçar a imagem de que a Corte está mais interessada em provocar resultados que atendem a grupos específicos do que em garantir a justiça de maneira imparcial. As notícias sobre decisões de ministros que se tornam virais, muitas vezes sem o devido contexto jurídico, alimentam a desconfiança da população.
É importante destacar, no entanto, que o STF continua a desempenhar um papel fundamental na manutenção da Constituição e na defesa do Estado de Direito. Embora esteja longe de ser perfeito, o Tribunal é responsável por garantir que as instituições e os direitos fundamentais sejam respeitados, mesmo em tempos de crise política. O desafio, portanto, está em restaurar a confiança da população, reforçando a transparência e a imparcialidade nas decisões judiciais.
Em última instância, a crise de confiança no STF reflete um problema mais amplo da política brasileira: a dificuldade de se construir uma cultura democrática sólida, onde as instituições, embora imperfeitas, sejam respeitadas por todos. A reconciliação entre a Corte e a população depende, em grande parte, de um esforço contínuo para tornar a atuação do STF mais transparente e mais próxima da realidade dos cidadãos, garantindo que suas decisões sejam vistas não como um reflexo da disputa política, mas como uma defesa da democracia e da justiça para todos.