A CRONICA ADO ROBERTÃO CHAPA QUENTE . O DIA EM QUE O MACACO GRITOU , PEGA LADRÃO .
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Era uma noite de gala, daquelas em que os poderosos se reúnem para brindar ao sucesso que só eles conhecem. O salão reluzia em ouro, prata e promessas vazias. Entre taças de cristal e discursos ensaiados, ninguém esperava a chegada do mais inusitado convidado: um macaco astuto, ligeiro e, ao que parece, dono de um senso de justiça afiado , que chegou acompanhado de se tutor , um senador .
Lá estava ele, circulando entre os engravatados, observando cada aperto de mão dissimulado, cada sorriso falso e cada brinde carregado de interesses. O macaco, esperto que só, sacou rápido a situação. Enquanto os convivas entoavam loas ao presidente da ocasião, ele, sem ser notado, farejou algo estranho no ar: o cheiro inconfundível da trapaça.
Foi quando, de repente, o silêncio foi rompido por um grito estridente e certeiro:
— PEGA LADRÃO!
O eco da denúncia ressoou pelas paredes douradas do salão e fez tremer os alicerces da alta sociedade. Os engravatados congelaram, olhares se cruzaram em pânico, e num piscar de olhos, a fuga começou. Sapatos caros atropelavam tapetes persas, taças se estilhaçavam pelo caminho, e o que era para ser um baile de gala virou um verdadeiro êxodo de desespero.
Em segundos, o salão ficou vazio. Nem o presidente, nem seus ministros, nem os figurões da elite tiveram coragem de esperar para ver se a denúncia era real ou só um alarme falso. Porque, no fundo, todos sabiam que havia motivo para correr.
O macaco, satisfeito com a confusão que causou, ainda pegou um canapé e saiu saltitando pela janela. Afinal, ninguém ali tinha mais direito de estar naquela festa do que ele.
E lá fora, na calçada, um certo jornalista, atento aos acontecimentos, registrava tudo com um sorriso discreto. Seu nome? Robertão Chapa Quente, sempre de olho na verdade que poucos querem ouvir.
O macaco foi embora sem dar entrevista , mas o jornalista registrou a fuga dos engravatados que vem na politica um meio de ganho fácil e sorrateiro.
