NAVIO À DERIVA
Quando o Lider deixa de ouvir seus liderados ele começa a navegar rumo ao desconhecido, líderes que ignoram suas equipes podem afundar projetos e empresas
Tenho uma predileção por elaborar meus textos por meio de parábolas, metáforas e uma linguagem figurada, já que acredito que assim as pessoas são levadas à reflexão, a tirar suas próprias conclusões e, a partir delas, a adotar atitudes em suas vidas. O presente texto, nesse sentido, ecoa um reflexo do cotidiano que se desenha na cidade. Por esta razão, o texto se inicia hoje, mas se desdobrará em vários capítulos nas próximas semanas, permitindo ao leitor tomar consciência gradualmente e perceber, em seu dia a dia, a situação à qual os textos se referirão.
O conteúdo de hoje se concentra no papel do líder principal e na relevância incontestável da colaboração e do trabalho em equipe para alcançar o sucesso. Nesse contexto, sublinha-se que o papel do líder não deve ser subestimado. Contudo, quando esse líder passa a desconsiderar as vozes e perspectivas dos seus liderados, quando menospreza suas opiniões, aquilo que deveria ser uma navegação segura pode se converter em um navio à deriva.
A metáfora do navio à deriva nos convida a visualizar um cenário: um navio guiado por um capitão experiente, acompanhado por uma equipe de marinheiros altamente qualificados. Inicialmente, esse capitão conquistou a confiança da sua tripulação ao demonstrar habilidades de liderança e ao tomar decisões acertadas. Entretanto, com o tempo, algo se altera. Esse capitão passa a tomar decisões de forma unilateral, desconsiderando os conselhos e as inquietações da sua equipe. O resultado? O navio que outrora navegava com segurança agora está à deriva, em águas desconhecidas, com a possibilidade iminente de naufrágio.
A crucial importância de ouvir os liderados emerge como um elemento fundamental para atingir uma sinergia eficaz. O ajuste das velas representa a criação de engajamento. O contrário, porém, acarreta impactos profundos e generalizados: desmotivação, retrabalho, má qualidade de trabalho, desconexão, atrasos na execução. Além disso, novas ideias inovadoras podem ser suprimidas, o que culmina numa precária qualidade geral de trabalho, colocando em risco o todo.
O líder, por vezes, se distancia da realidade operacional e perde insights valiosos que somente os membros da equipe podem fornecer. Tal circunstância pode levar a decisões equivocadas, com o desfecho, em última instância, resultando no fracasso de projetos e metas.
A notória desconexão entre o líder e seus liderados começa a tornar-se evidente. É relevante lembrar que a relação entre líder e equipe se fundamenta numa base de confiança mútua. Quando um líder deixa de ouvir, essa confiança é rompida. Isso pode fazer com que os liderados se sintam desvalorizados e descomprometidos, gerando um ambiente de trabalho tóxico. A comunicação, que constitui o esqueleto de qualquer equipe de sucesso, se desintegra, dificultando a resolução de conflitos e a busca conjunta por soluções.
Felizmente, mesmo um navio à deriva tem a capacidade de ser redirecionado. Líderes que reconhecem seus erros e escolhem restaurar a comunicação e a colaboração podem revitalizar suas equipes. O primeiro passo reside em admitir que nenhum líder detém todas as respostas, e que a diversidade de perspectivas é uma bênção, não um obstáculo. O ajuste das velas e da rota deve ser realizado com liderados nos quais se pode confiar.
A introdução de práticas de escuta ativa, nas quais líderes genuinamente ouvem e consideram as opiniões dos seus liderados, pode abrir portas para a inovação e eficiência. Além disso, a transparência nas decisões e uma comunicação constante desempenham papel crucial na reconstrução da confiança e no reforço dos laços entre líder e equipe.
O ato de ouvir os liderados, portanto, não deve ser negligenciado. O compartilhamento das decisões pode trazer serenidade e paz ao líder. Evidentemente, o líder desempenha um papel fundamental ao dar a palavra final, já que a equipe sempre confia no seu capitão. Entretanto, ao menosprezar os “marujos e tripulantes” que enfrentaram corajosamente os altos e baixos da navegação, corre-se o risco de ver o navio à deriva.