Livro Pelusa – Diego: Armando o Maradona narra a trajetória
do periférico que virou centro do mundo
Autor de Jaguariúna especializado na Literatura Hip Hop se envereda pela
mundo do futebol e biografa um dos maiores jogadores do planeta: Diego
Armando Maradona. Jeff Ferreira, que assina obras como Assim Que É – A
História do RZO, 30 Anos do Disco Hip Hop Cultura de Rua e Trap É Hip Hop?
– As Metamorfoses do Rap, dente outros, agora acompanha a trajetória de
Pelusa, desde os campinhos de terra da Villa Fiorito, uma favela argentina, até
a conquista do mundo.
Diego Armando Maradona é considerado pelo povo argentino como
D10S, porém nunca foi santo, nem buscou ser. De família humilde e peronista,
tinha consciência de classe e peitou a FIFA, a AFA, João Havelange, Julio
Grondona e tantos outros cartolas. Dentro de campo foi um gênio, fora dele foi
um guerreiro. Também teve seus vacilos e gerou muitas polêmica: abusou do
álcool, se relacionou com a cocaína, teve inúmeros desafetos e caiu em várias
armadilhas.
Em 338 páginas conhecemos um pouquinho mais de Diego, ou Pelusa,
como era chamado em círculo mais íntimo. Círculo esse que teve como amigo o
líder cubano Fidel Castro, quem Dieguito ensinou a bater pênaltis no Palácio da
Revolução, em Havana. Aliás, Dieguito viveu em Cuba, onde fez seu tratamento
de recuperação quanto à química. Castro assina um dos prefácios do livro,
através de um texto – inédito por anos – publicado no jornal Granma, principal
veículo cubano de comunicação.
Outro prefácio é assinado por Martín Alejandro Biaggini, professor,
cineasta e pesquisador argentino, coordenador da Conferência Arte, Cultura
Internacional e Política da Universidad Nacional Arturo Jauretche (UNAJ), de
Buenos Aires. Martín é amigo pessoal de Jeff Ferreira, o brasileiro traduziu (para
o português) o primeiro livro argentino sobre Hip Hop, o Rap de Acá, de autoria
de Biaggini, lançado em 2020 e com versão em nosso idioma no ano seguinte.
Outro argentino que participa do livro Pelusa – Diego: Armando o Maradona é
Robert Malungo, jornalista e livreiro que atua na causa dos afro-argentinos e
mantém a revista Página Negra, da qual Jeff é correspondente, abordando a
cultura alternativa. Malungo assina a orelha do livro.
“A ideia de escrever um livro sobre Maradona parte da carência
de literatura em português sobre o atleta. Até se tem obras em nosso
idioma sobre Diego, mas geralmente publicações de Portugal e no
Brasil não há uma biografia que mergulha em sua história”, comenta
o autor.
O livro aborda os 60 anos de Maradona, os clubes por onde passou, as
conquistas, as dores, os fracassos, as polêmicas e toda a humanidade daquele
que chamam de D10S. Pelusa é uma figura ímpar, contraditório, como todo ser
humano, mas alguém que lutava por aquilo que acreditava.
O livro foi composto em 2022, iniciando-se no primeiro semestre. A
pesquisa foi baseada em outras biografias do atleta – todas em espanhol –,
sobretudo a autobiografia Soy Diego de la gente, de 2000. No entanto, essa não
é a única fonte, pois, apesar de ser um livro que faz ode à Diego, esta não é uma
obra “chapa branca”. Há momentos em que é necessário puxar a orelha de El
Diez. Desse modo, foi necessário recorrer a várias fontes, principalmente
aquelas que eram desafetos de Dieguito. O autor vasculhou diversos periódicos
da América Latina e mundo a fim de narrar a cronologia de Maradona.
Em Pelusa – Diego: Armando o Maradona, como o título sugere, vemos o
menino da Villa Fiorito se preparando, se armando, para se tornar o
mundialmente famoso Maradona e traz a dualidade – muitas vezes difícil de
desvincular – entre o craque e o bom pai, bom esposo, bom filho e excelente
colega de trabalho. Isso humaniza a figura daquele que sofreu bastante como
quando foi cortado da Copa de 1978, quando foi eliminado em 1982, na
Espanha, ou o caso do doping de 1994 e as acusações e preconceitos que
sofreu em seus últimos anos.
Na obra acompanharemos, também, as relações de Dieguito com
personalidades, como Pelé, Mike Tyson, Ben Johnson, Guillermo Coppola, Hugo
Chávez, Evo Morales, Careca, Caniggia, Riquelme, Verón, Carlos Bilardo, César
Menotti e tantos outros.
O livro é idealizado pelo Campinho de Terra, um selo da Editora Dando a
Letra, focada no universo musical underground, e que, com este selo, pretende
expandir seu alcance através de obras literárias ligadas ao futebol, com o viés
de quebrada. O livro foi possível graças a financiamento coletivo, onde 10% do
arrecadado na campanha foi destinado a instituições de apoio a dependentes
químicos.
Polêmico e talentoso, Diego nos deixou no dia 25 de novembro de 2020,
aos 60 anos. O livro Pelusa – Diego: Armando o Maradona ganha lançamento
na data de passagem de El Diez para a eternidade e poderá ser adquirido no
site da Editora Dando a Letra. Essa é a trajetória do periférico que virou centro
do mundo.