📢 EDITORIAL – O Estado é cúmplice quando não protege os seus

📢 EDITORIAL – O Estado é cúmplice quando não protege os seus

A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, é mais do que uma tragédia pessoal e familiar. É uma vergonha nacional, um retrato fiel da falência de um Estado que não protege aqueles que, em vida, dedicaram sua existência a combater o crime organizado.

Ruy não era apenas mais um policial aposentado. Foi ele quem, ainda nos primórdios, mapeou a estrutura do PCC, revelando como a facção criminosa se organizava e qual seria o tamanho do seu poder. Foi ele também quem determinou a transferência de lideranças para presídios federais, incluindo o próprio Marcola, o criminoso mais temido e influente do Brasil.

Era um homem marcado para morrer. Um inimigo número 1 do crime organizado. E o que o Estado fez? Nada. Abandonou-o à própria sorte, sem escolta, sem vigilância, sem qualquer medida mínima de proteção.

Fontes sabia que estava jurado de morte. Três semanas antes de ser executado, declarou viver “sozinho”, sem qualquer estrutura de segurança, justamente em Praia Grande — território dominado pelo PCC. Ele mesmo denunciou publicamente o descaso, o abandono e a vulnerabilidade em que vivia.

A pergunta é inevitável: como se pode deixar um homem com tamanho histórico de enfrentamento ao crime, jurado por facções, exposto sem defesa? Onde estavam os governantes, os secretários, os responsáveis pela segurança pública?

Quando o Estado se omite, quando deixa que um servidor que o defendeu em vida seja exterminado sem resistência, ele se torna cúmplice. Não apenas pela ausência de ação, mas pelo sinal que transmite: de que o crime manda mais do que a lei.

A execução de Ruy Ferraz Fontes mostra a inversão de valores no Brasil. Policiais, delegados e servidores que colocaram o peito diante do perigo viram alvos, enquanto facínoras são tratados com direitos, regalias e discursos de vitimização.

O crime organizado avança porque não encontra barreiras sólidas. E enquanto isso, o Estado se esconde atrás de burocracias, de narrativas e de omissões. Essa tragédia expõe o óbvio: o país está entregue, e os que ousaram enfrentá-lo estão sendo eliminados um a um.

É preciso dizer com todas as letras: o Estado é cúmplice. Porque não basta criar leis, inaugurar presídios ou anunciar operações. O verdadeiro enfrentamento passa por proteger quem teve coragem de enfrentar o mal. E quando isso não acontece, a omissão se converte em parceria indireta com o crime.

✍️ Jornalista Robertão Chapa Quente, o jornalista policial número um do Circuito das Águas Paulista — do Jornal Digital Regional, Jornal Circuito Paulista, Jornal Digital do Brasil, TV Digital e RMC TV.

Compartilhe!

Robertão Chapa Quente

• Diretor do Jornal Digital do Brasil • TV DIGITAL • Apresentador do Programa Chapa Quente

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.