A JUSTIÇA BRASILEIRA ENTRE DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS: A CONDUTA DE ALEXANDRE DE MORAES E O TRATAMENTO AOS APOIADORES DE BOLSONARO?

A JUSTIÇA BRASILEIRA ENTRE DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS: A CONDUTA DE ALEXANDRE DE MORAES E O TRATAMENTO AOS APOIADORES DE BOLSONARO?

É profundamente deplorável a postura adotada por Alexandre de Moraes ao se referir aos apoiadores de Jair Bolsonaro como “quadrilha”, “bando criminoso” ou expressões semelhantes que reduzem milhares de brasileiros a categorias criminosas sem a devida prudência institucional que se espera de um ministro do Supremo Tribunal Federal. A generalização, quando parte de uma autoridade máxima do Judiciário, deixa de ser um ato isolado e passa a transmitir a ideia de criminalização política, reforçando a percepção de que existe um alvo específico e uma narrativa pré-estabelecida que ignora nuances e complexidades de um país inteiro dividido entre visões antagônicas.

O mais impressionante é que essa postura não se repete quando os envolvidos pertencem ao círculo político do presidente Lula. Quando surgem escândalos envolvendo nomes próximos ao atual governo, especialmente casos que já tiraram bilhões dos cofres públicos e afetaram diretamente aposentados, trabalhadores e contribuintes, a linguagem empregada por Moraes e pelo próprio Supremo ganha um tom radicalmente distinto: técnico, comedido, distante. Não há termos como “quadrilha”, “bando”, “organização criminosa”. Não há indignação pública. Não há coletivas inflamadas. O silêncio é quase ensurdecedor.

Essa discrepância faz surgir uma pergunta inevitável: por que os que pertencem ao grupo político de Lula, inclusive aqueles já condenados e presos no passado por corrupção, não recebem o mesmo tratamento verbal e institucional? Por que aqueles envolvidos nos maiores escândalos de desvio de dinheiro público da história recente não são rotulados de forma tão dura quanto os apoiadores de Bolsonaro? A resposta parece residir na lógica dos dois pesos e duas medidas, que se tornou um símbolo da crise de confiança no sistema judicial brasileiro. A ausência de igualdade no rigor aplicado a cada grupo político constrói a sensação de que o país vive sob uma justiça seletiva, que pune uns com violência institucional e alivia outros conforme a conveniência do momento.

É impossível ignorar que muitos dos aliados de Lula, que foram julgados, condenados e cumpriram pena por corrupção, hoje circulam livremente e até ocupam espaços de relevância política, após decisões controversas do próprio STF, que anulou processos, retirou provas e abriu caminhos jurídicos improváveis para reescrever o passado. E a pergunta volta com força: se eram “criminosos” antes, por que agora não são chamados da mesma forma? Por que não se usa contra eles, no mínimo, a mesma energia retórica que é usada contra apoiadores de Bolsonaro? Em um país com tanta violência simbólica contra opositores, o silêncio diante de aliados soa como proteção.

O Supremo Tribunal Federal já demonstrou, nos últimos anos, que possui capacidade de agir com firmeza gigantesca — mas essa firmeza parece ter alvos específicos. Quando um lado político está em questão, as operações aparecem à luz do dia, os mandados brotam em sequência, a interpretação das leis é elástica e o discurso é impiedoso. Quando o outro lado é envolvido em escândalos, o Judiciário se envolve em tecnicalidades, revisões, interpretações excepcionais e até reviravoltas históricas que reconstroem a imagem pública de figuras antes condenadas. Isso alimenta ainda mais a percepção popular de que há, sim, proteção institucional para determinados grupos.

Essa incoerência explícita provoca um abalo profundo na confiança do brasileiro no sistema judicial. Uma justiça que oscila conforme convém não é justiça — é instrumento político. Quando a sociedade percebe que decisões mudam conforme a identidade do acusado e não conforme os fatos, a legitimidade do Judiciário se dissolve. O cidadão comum começa a entender que algumas pessoas serão sempre perseguidas e outras sempre salvas, não importando o que façam. E esse é o ponto de ruptura mais perigoso para qualquer democracia.

O episódio recente envolvendo a prisão de Jair Bolsonaro e a negativa de benefícios humanitários expõe exatamente essa assimetria. Moraes age com uma rigidez incomum, em ritmo acelerado, quase como se houvesse urgência pessoal em punir o ex-presidente. A comunicação pública reforça esse endurecimento, como se cada decisão fosse também uma mensagem política. No entanto, quando escândalos bilionários envolvendo aliados de Lula vêm à tona, o tratamento retorna ao protocolo técnico, sem discursos inflamados, sem generalizações, sem a indignação que se faz tão presente quando o alvo é Bolsonaro.

Esse tipo de conduta não apenas compromete a imagem do Supremo, mas alimenta um clima de revolta crescente no país. A população percebe a disparidade e conclui, com razão, que já não existe imparcialidade. A expressão “justiça de dois pesos e duas medidas” tornou-se comum porque descreve com precisão a realidade vivida: um lado é tratado com a mão pesada da lei; o outro, com a benevolência dos acordos institucionais.

E, pior ainda, é justamente esse mesmo Supremo — o mesmo que anulou condenações históricas e permitiu a volta de Lula à disputa presidencial — que hoje ordena prisões, bloqueios, censuras e medidas rígidas contra Bolsonaro. A contradição é tão evidente que dispensa explicações. Um país que precisa confiar no Judiciário para manter suas bases democráticas não pode conviver com essa desigualdade no tratamento dado a diferentes forças políticas. A confiança se desfaz, e com ela, o sentido de justiça.

Por isso, a crítica não é apenas institucional, mas moral. A justiça deve ser igual para todos — ou deixa de ser justiça. Não se pode chamar um grupo de “quadrilha” e outro de “companheiros injustiçados”. Não se pode punir com dureza um lado e oferecer absolvição generosa ao outro. Se a lei é uma só, sua aplicação também precisa ser.

A verdade é que o país assiste atônito a um Supremo que reescreve destinos, que absolve uns e endurece com outros, que flexibiliza regras para abrir portas e as fecha com força quando lhe convém. E o povo? O povo percebe. O povo sente. E o povo está cansado de uma justiça que não pesa na mesma medida.

📌 Indicação: Jornal Digital Regional

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✍️ Robertão Chapa Quente, o jornalista policial número um do Circuito das Águas Paulista — do Jornal Digital Regional, Jornal Circuito Paulista, Jornal Digital do Brasil, TV Digital, RMC TV, Grupo JDB de Comunicação e Notícias e Rádio Notícia, detentor das marcas registradas Jornal Digital do Brasil e RMC TV.

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Robertão Chapa Quente

• Diretor do Jornal Digital do Brasil • TV DIGITAL • Apresentador do Programa Chapa Quente

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