Especialização em IA aprimora investigações em SP: ‘Otimização e eficiência’


Curso sobre o tema já capacitou cerca de 500 policiais civis desde agosto
Segunda-feira, 22/09/2025 09:20
Por Isabelle Amaral
A tecnologia tem aprimorado cada vez mais serviços em diferentes setores, e com a Polícia Civil de São Paulo não é diferente. Desde agosto a Academia de Polícia (Acadepol) oferece um curso de especialização em Inteligência Artificial (IA). Até a metade deste mês, cerca de 500 agentes participaram do estudo, que tem lista de espera. A ideia é usar o recurso para otimizar os serviços, especialmente na parte administrativa e burocrática, aprimorando significativamente os trabalhos de investigação.
O curso é previsto para todas as carreiras da instituição: delegado, investigador e escrivão. Cada um pode usar a IA de maneira diferente, como para análise de dados, cruzamento de informações, entre outros, respeitando os marcos éticos legais e proteção de informações sensíveis.
Durante as aulas, os professores destacam que, apesar de facilitar o serviço, nada substitui a mente humana, por isso a necessidade de sempre analisar os resultados obtidos com a tecnologia.
“A era digital exige uma polícia preparada e inovadora. Com a capacitação em Inteligência Artificial, formamos policiais civis aptos a transformar dados em inteligência, fortalecendo as investigações e assegurando respostas mais rápidas, precisas e eficazes para a sociedade”, avaliou a diretora da Acadepol, Márcia Heloísa Ruiz.
Análise de algoritmos, uso de IA por criminosos e mais
Com uma carga horária de oito horas-aula, o curso está no primeiro módulo e aborda a IA de forma geral e introdutória. Dentre os assuntos debatidos estão os marcos históricos da Inteligência Artificial (Machine Learning, Deep Learning, Big Data, LLMs), análise de algoritmos e o uso de IA por criminosos, incluindo deepfakes e engenharia social.
Os participantes também aprendem a identificar as principais ferramentas de IA generativa (como ChatGPT, Claude, Gemini) e a aplicar técnicas de engenharia de prompts para otimizar a elaboração de documentos policiais, como relatórios e ofícios. A ideia é que haja módulos mais avançados para que os agentes consigam se aprofundar ainda mais no tema.
O professor desta especialização, o delegado Luiz Fernando Ortiz, responsável pela Divisão de Tecnologia da Informação do Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol), revelou que a maioria dos policiais que mostram interesse pelo curso tem entre dez e 25 anos de carreira. “Fizemos essa pesquisa justamente para traçar um perfil e vimos que não são apenas os mais novos que se interessam”, disse.
Ortiz ainda afirmou que, em 22 anos como policial civil, viu muitas ferramentas serem implantadas para o avanço dos trabalhos investigativos e modernização dos serviços, mas nada como a IA.
“Os alunos trazem alguns questionamentos nas aulas sobre como eles podem usar essa ferramenta, até com alguns exemplos do dia a dia. É inegável que essa tecnologia otimiza, facilita e traz mais eficiência para o trabalho policial. É prático e nos dá mais tempo para focar em outros detalhes mais importantes para a investigação e, claro, ajuda a reduzir o tempo para a solução do caso”, completou o delegado.