Sindicato de irmão do presidente Lula é alvo de investigação por repasses milionários a empresa de familiares de aliados
A Polícia Federal investiga um esquema que teria gerado repasses milionários do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) a uma empresa vinculada a familiares da cúpula da entidade. Entre 2020 e 2023, cerca de R$ 4,1 milhões teriam sido destinados à Gestora Eficiente LTDA, empresa que anteriormente pertenceu à esposa do presidente do sindicato e que atualmente tem como sócios parentes de uma das diretoras da entidade.
Segundo apuração, os pagamentos eram feitos com base em comissões obtidas sobre descontos aplicados nos benefícios de aposentados do INSS. A Gestora Eficiente atuava no processamento de fichas de novos associados, especialmente vinculados a empréstimos consignados do banco BMG e da seguradora Generali, recebendo valores proporcionais ao número de beneficiários com desconto autorizado.
O Sindnapi, ligado à Força Sindical, tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Documentos indicam que o sindicato arrecadou R$ 23 milhões em descontos em 2020, número que saltou para R$ 154,7 milhões em 2024, com grande parte desse crescimento atribuída à parceria com a Gestora Eficiente. Em alguns meses, os repasses à empresa superaram R$ 1 milhão.
Paralelamente, a investigação aponta aumento patrimonial de dirigentes do sindicato. Entre 2021 e 2023, Milton Baptista de Souza, conhecido como “Cavalo”, teria construído uma mansão em Ibiúna, enquanto sua esposa abriu recentemente uma empresa nos Estados Unidos, registrada para atuar no mercado internacional.
A Gestora também é mencionada em denúncias de aposentados que tiveram descontos aplicados sem autorização ao contratar empréstimos consignados. Em alguns casos, os atendentes teriam informado que o desconto sindical era obrigatório para liberar o crédito, mesmo sem o consentimento dos clientes.
A Advocacia-Geral da União afirmou que ajuizou ações contra entidades acusadas de fraude e que novas medidas podem surgir caso novas irregularidades sejam comprovadas. Sindnapi, BMG e Generali negam irregularidades e alegam que a empresa contratada atuava apenas como prestadora de serviços específicos, encerrando a parceria após o início da investigação da Polícia Federal.
Jornalista Robertão Chapa Quente, o jornalista policial número um do Circuito das Águas Paulista — do Jornal Digital Regional, Jornal Circuito Paulista, Jornal Digital do Brasil, TV Digital e RMC TV.
