A NEUROCIÊNCIA DA RAIVA
Seja com amigo ou família, conflitos são naturais e inevitáveis na vida. Eles podem ocorrer por divergência de opinião e de comunicação em objetivos, estratégias, dinheiro, política e muitos outros. Se de um lado podem destruir relacionamentos quando mal administrados, aprender como gerir conflitos de uma maneira saudável pode contribuir para fortalecê-los. Mas, antes, vamos falar um pouco das principais emoções que são a causa da maioria dos conflitos.
| O que exatamente acontece dentro do seu cérebro quando você está com raiva de alguém? Da perspectiva científica, raiva é definida como uma resposta para uma percepção de ameaça. Isso resulta em algo que os pesquisadores chamam de “Reação Agressiva” – Ao invés de nos defender, ativamos o modo ataque! Enquanto muitas áreas do cérebro são envolvidas na raiva – como o hipotálamo e a substância cinzenta periaquedutal – a principal delas é a amígdala. Para visualizar a amígdala, imagine dois aglomerados de nervos em forma de amêndoa localizados logo abaixo das suas têmporas. A amígdala está envolvida na memória, tomada de decisões e, mais importante no caso da raiva, em respostas emocionais como medo, ansiedade e agressão. Na verdade, muitos estudos descobriram que pacientes com transtorno de estresse pós-traumático, que têm um risco aumentado de raiva, também apresentam atividade aumentada da amígdala. A amígdala também é a principal estrutura do cérebro responsável pela resposta de luta ou fuga, uma reação fisiológica que ocorre em resposta a um evento prejudicial percebido ou ameaça à nossa sobrevivência. A frustração e a raiva estão profundamente ligadas. A frustração ocorre quando continuamos fazendo algo na expectativa de uma recompensa, que nunca recebemos. Por exemplo, explicar algo repetidamente para alguém, sem se fazer entender. Quando nos sentimos frustrados por um longo período de tempo, essa frustração muitas vezes se transforma em raiva. Então, o que fazer a respeito? GERENCIANDO A RAIVA PARA GERENCIAR CONFLITOS Muitas pessoas tentam reprimir seus sentimentos quando estão com raiva de alguém, e Isso é definitivamente a pior coisa a se fazer. Pesquisadores afirmaram que “estudos experimentais relataram que a supressão leva a menos ligação com parceiros de interação social e a um aumento nos níveis de pressão arterial”. Mas ficar pensando nisso também não é bom. Cientistas descobriram que focar em uma emoção negativa na verdade intensificará a experiência dessa emoção. Além disso, você estará usando energia cognitiva preciosa que provavelmente seria melhor utilizada em outro lugar ou atividade. Então, como você gerencia conflitos de maneira saudável? A chave para gerenciar conflitos está no que é chamado de reavaliação. Imagine que alguém está sendo rude com você. Talvez eles estejam levantando a voz, não ouvindo o que você tem a dizer. Você se sente frustrado e depois com raiva. Você quer gritar de volta para ele. Agora, imagine que eu lhe disse que o seu pai faleceu ontem. Como você se sentiria? Provavelmente sentiria compaixão por essa pessoa. Você entenderia por que eles estão se comportando dessa maneira. A reavaliação consiste em analisar seus gatilhos e reformular sua raiva pensando: “Não é sobre mim. Eles estão tendo um dia ruim”. Em um experimento de reavaliação, os participantes viram uma foto de pessoas chorando do lado de fora de uma igreja, o que obviamente os deixou tristes. Em seguida, eles foram convidados a imaginar que a cena era um casamento e que as pessoas na foto estavam chorando lágrimas de alegria. Quando os participantes mudaram sua avaliação do evento, sua resposta emocional também mudou. Os pesquisadores escanearam seus cérebros e descobriram que as reações químicas em seus cérebros também mudaram. Como explicou o pesquisador principal: “Nossas respostas emocionais fluem em última análise de nossas avaliações do mundo, e se pudermos mudar essas avaliações, mudamos nossas respostas emocionais”. 5 ESTRATÉGIAS PARA GERENCIAR CONFLITOS Após passar pela reavaliação e se sentir mais calmo, você pode aplicar estratégias simples de gerenciamento de conflitos para desescalar a situação. 1. SEJA CONSTRUTIVO: Mostre explicitamente à outra pessoa que você deseja resolver o conflito. Diga “Eu gostaria de resolver isso juntos”. Seja honesto consigo mesmo e tente ser o mais transparente possível sobre por que você acha que o conflito surgiu em primeiro lugar. 2. MOSTRE QUE SE IMPORTA: Demonstre o quanto você se importa com a outra pessoa. Mostrar vulnerabilidade é uma maneira poderosa de se conectar com alguém em um nível mais profundo. No final das contas, vocês são seres humanos que estão lutando para se comunicar um com o outro. Mostrar que você se importa pode percorrer um longo caminho em uma conversa construtiva. 3. FAÇA PERGUNTAS: Não assuma nada – tente realmente entender de onde a outra pessoa está vindo. 4. EVITE CULPA: Em vez de usar “você”, diga “eu” para explicar como a situação faz você se sentir. Um tom de julgamento só vai agravar a situação. 5. LEVE O TEMPO QUE PRECISAR: Não ameace com um ultimato. Quando for a sua vez de falar, diminua a velocidade, faça uma pausa e reflita. Está tudo bem em fazer uma pausa se uma ou ambas as pessoas estiverem começando a ficar com raiva novamente. Nem todos os conflitos podem ser resolvidos com uma conversa curta. Você pode fazer uma pausa dizendo “Estou me sentindo muito emocional agora, mas adoraria conversar sobre isso novamente quando estiver mais calmo”. Nem todos os conflitos podem ser resolvidos, mas o processo de tentar resolver as coisas pode ser menos doloroso para ambas as partes se elas usarem a reavaliação, bem como essas cinco estratégias para gerenciar conflitos. Isso significa menos frustração, menos raiva e relacionamentos melhores. Fonte: Leonardo Siqueira |
| #FRASE DA SEMANA “Você não fica frustrado por causa de eventos, você fica frustrado por causa de suas crenças” Albert Ellis |
