Adoecimento mental dos profissionais de saúde preocupa entidades representativas da categoria. “Quem cuida precisa de cuidado”, afirmam SEEMG e FNE


Belo Horizonte, agosto de 2025 – Um assunto que tem tirado o sono de lideranças sindicais, entre elas, o Sindicato dos Enfermeiros de Minas Gerais (SEEMG), filiado à Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE) diz respeito à questão que envolve a saúde mental dos trabalhadores da saúde. “Em Minas Gerais, a realidade não se difere do restante do país e levanta uma luz de alerta”, diz o presidente do Sindicato, Anderson Rodrigues, ao avaliar os dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
Os números mostram que a categoria ocupa as primeiras posições no ranking de notificações de adoecimento mental relacionado ao trabalho no Estado. Entre 2022 e 2025, foram registradas 2.804 notificações, sendo que cerca de 13,5% correspondiam a técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde e enfermeiros, que aparecem, respectivamente, como 1ª, 2ª e 6ª profissões mais afetadas. Somente em 2024, foram 972 registros, um aumento de 29,6% em relação ao ano anterior. No setor público, quatro das cinco categorias mais afetadas também são da saúde, representando juntas 37% dos afastamentos.
Anderson Rodrigues, presidente do SEEMG e Solange Caetano, presidenta da FNE, apontam realidades emblemáticas de sofrimentos tais como: depressão, suicídio, assédio moral, precarização no trabalho agravado pela terceirização, jornadas estressantes, falta de assistência psicológica ou inadequada e falta de estrutura adequada de trabalho.
A realidade preocupa tanto que a FNE convocou os seus 17 sindicatos filiados em todo país para uma ampla discussão desses e outros assuntos no XIII Congresso Nacional Sindical de Enfermeiras e Enfermeiros, que vai acontecer, de 1º a 3 de outubro/25, em São Paulo/SP, e terá como objetivo debater sobre “O Cuidado como Direito e o Direito de Cuidar – Uma Luta da Enfermagem Brasileira”.
“O lema deste congresso carrega a dualidade da nossa missão: de um lado, erguemos a bandeira da defesa intransigente do cuidado enquanto um direito de cada cidadã e cidadão. E aqui se inclui nossa defesa diária de um Sistema Único de Saúde universal, forte, público e integral, que acolha, atenda e cuide de todas e todos, com infraestrutura, técnica, ética e humanidade”, destaca Rodrigues.
Por sua vez, Solange Caetano reafirma que não há cuidado digno para o paciente sem a garantia do “direito de cuidar” para os profissionais. Isso passa, obrigatoriamente, por um piso salarial justo, que corresponda à importância do trabalho e traga dignidade para a categoria. Implica também a jornada de 30 horas semanais, que nos possibilite qualidade de vida, previna o esgotamento profissional e garanta o bem-estar de quem cuida e de quem é cuidado. E falamos também em trabalhar sem medo, em ambientes livres de assédio e violência, bem como em ter nossa saúde física mental respeitada e nossos saberes valorizados.”